Mensagem do CEO

Em nome dos membros do Conselho de Administração e da Comissão Executiva, tenho a elevada honra de apresentar o Relatório e Contas 2019 do Banco Nacional de Investimento. SA (BNI), num ano muito especial, em que, o Banco completa 10 anos da sua existência, e o actual elenco, por mim dirigido, completa 5 anos na condução dos destinos deste importante instrumento de implementação da Política de Desenvolvimento do País. O ano de 2019, foi mais um ano de consolidação e reforço do papel do Banco no sistema financeiro nacional como um Banco de Desenvolvimento e de Investimento do Estado cuja missão é promover o desenvolvimento socio-económico e sustentável da economia moçambicana através do financiamento a projectos de investimento infraestruturantes e do sector produtivo e da assessoria e estruturação de empresas e projectos com impactos do desenvolvimento económico e social e na melhoria das condições de vida dos moçambicanos.

Com a sua actuação assente em três pilares estratégicos e um conjunto de objectivos estratégicos para cada pilar, nomeadamente,  (i) Pilar I – Promoção e financiamento ao desenvolvimento; (ii) Pilar II – Competitividade e sustentabilidade; e (iii) Pilar III – Governação corporativa, competências e relacionamento institucional, constantes do seu Plano Estratégico 2018/2022, em 2019, o BNI seguiu demonstrando a sua tendência lucrativa, sua robustez e excelente saúde financeira, registando confortáveis indicadores de rendibilidade, de solvabilidade e de eficiência, designadamente, um lucro líquido positivo de MT 64,45 milhões, um rácio de solvabilidade regulamentar de 44,46% (contra 11% de mínimo regulamentar), um rácio de liquidez regulamentar de 110,34% (contra 25% de mínimo regulamentar) e um rácio de eficiência (custos de transformação/produto bancário) de 51, 27%.

Tomas Rodrigues Matola, Presidente da Comissão Executiva

Relativamente aos 10 anos (de 2010-2019) de existência do BNI, apraz-me apresentar um desempenho muito satisfatório, marcado por indicadores de desempenho muito confortáveis (incluindo 2019) que passo a descrever: Gerou lucro acumulado de MT 1.207,69 milhões; distribuiu dividendos ao accionista no valor total de 217 milhões a partir de 2014; aumentou o volume de activos em 172%; aumentou os capitais próprios em 56% com a incorporação de resultados não distribuídos de anos anteriores; concedeu financiamentos ao sector produtivo no montante de MT 6,5 mil milhões, com destaque para o sector do agro-negócio e indústria; registou indicadores regulamentares bastante satisfatórios como é o caso do rácio de solvabilidade de 44,46%, rácio de liquidez de 110,34%, rácio de alavancagem financeira regulamentar determinado pela proporção de capitais próprios sobre o activo total de 54.7%, e, o Banco foi objecto de reconhecimento por parte de publicações nacionais e internacionais de referência no contexto de pesquisas empresariais e financeiros do País e do mundo.

A performance de 2019 apresentada em epígrafe, foi conseguida num contexto macroeconómico ainda caracterizado por um conjunto de adversidades, tanto a nível da economia global, como a nível da economia doméstica. Com efeito, a economia global, desacelerou 700 pontos base (pb), ao crescer apenas 2.9% em 2019, contra os 3.6% de 2019, influenciada, fundamentalmente, pelas  tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo, os Estados Unidos da América e a China, que culminaram com o aumento de forma acentuada das tarifas sobre as importações entre os dois países, com a consequente subida dos preços, que teve efeito na redução do consumo por parte dos mercados consumidores de muitos países ao nível mundial e, ainda, incertezas nos mercados financeiros. O processo conflituoso de saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit), foi também determinante para a desaceleração da economia global, em virtude de ter afectado significativamente o desempenho das economias da zona euro e do Reino Unido, com peso considerável no PIB dos países desenvolvidos..

Quanto à economia moçambicana, esta voltou a crescer moderadamente, influenciada por um lado, pelos factores conjunturais internacionais descritos acima, e, por outro lado, penalizada por factores endógenos, com destaque para (i) os desastres naturais que assolaram as regiões centro e norte do país; (ii) a contração da despesa pública motivada em parte pela redução do apoio externo ao orçamento do Estado e o impacto relativo do serviço da dívida pública; e (iii) os focos de insegurança militar que têm criado um ambiente de incertezas e insegurança nas regiões centro e norte do país. Assim, a economia moçambicana em 2019 cresceu 2.22%, abaixo de 3.30% de 2018, tendo esse (fraco) desempenho sido positivamente influenciado pelos seguintes factores: (i) estabilidade cambial que teve influência significativa sobre a inflação ao reduzir o custo das importações, sobretudo de bens alimentares; (ii) redução do preço de petróleo no mercado internacional que  permitiu de certa forma que o Banco Central acumulasse divisas; (iii) acordos e relativos avanços em relação aos projectos de exploração de gás natural liquefeito na Bacia do Rovuma, na Província de Cabo Delgado; (iv) Acordo de cessação definitiva das hostilidades militares cujo objectivo primordial passa por melhorar o ambiente político e de estabilidade no País.

Interessa destacar o bom desempenho da política monetária, que encontrou uma resposta positiva do lado da política fiscal e do sector produtivo, o que culminou com o registo de uma estabilidade dos principais indicadores macroeconómicos, com destaque para a taxa de câmbio e taxa de inflação, o que abriu espaço para o Banco Central intensificar a política monetária expansionista, através da redução contínua das principais taxas de referência, abrindo espaço para a expansão do crédito à economia e dinamizando assim a actividade económica. Com efeito, com o nível de inflação baixo e estável (a 2.7%), o Banco de Moçambique baixou as suas taxas de juro directoras em 150 pontos base, reduziu a taxa de reservas obrigatórias em 100 pontos base, o que culminou com a queda da prime rate em 220 pontos base. Como resposta às medidas do Banco Central, a actividade bancária respondeu positivamente com um aumento do volume de crédito à economia de 5.14% em 2019.

O Com todas adversidades e condicionalismos impostos pelos ambientes macroeconómicos doméstico e internacional, o BNI apresentou em 2019 um desempenho operacional e financeiro satisfatório, mantendo a tendência de lucros iniciada há nove anos atrás e agregando maior valor económico para o accionista, com os principais indicadores positivos a destacar: um resultado líquido positivo de MT 64.45 milhões, um aumento do produto bancário em 14.86%, saindo de MT 588.31 milhões em 2018 para MT 675.76 milhões em 2019; uma carteira de crédito de crédito de MT 2.262,70 milhões em 2019, representando a uma evolução de 15% quando comparado a MT 1.971,91 milhões apurado em 2018, uma evolução bastante satisfatória quando comparada com os 5.14% da média do sector bancário; rácios de solvabilidade e de liquidez de 44.62% e de 110.34%, acima do mínimo regulamentar de 11% e 25%, respectivamente; e melhoria do rácio de eficiência em 4 pontos percentuais, ao sair de 55,45% em 2018 para 51,27% em 2019.

Relativamente ao negócio, o BNI, na qualidade de Banco de Desenvolvimento e Investimento, um instrumento de implementação da política de desenvolvimento do Estado, apesar da envolvente económica desafiante e regulação financeira exigente e rigorosa, teve que se esforçar e se reinventar para consolidar o seu posicionamento distintivo no mercado, através do financiamento e/ou estruturação de instrumentos adequados à realidade de cada projecto e/ou empresa. A área de assessoria e estruturação financeira (banca de investimento) permitiu a mobilização de recursos financeiros para o financiamento dos projectos de infra-estruturas com ligações intersectoriais e projectos de sectores produtivos, em condições ajustadas ao perfil de risco e retorno de cada sector e projectos de médio e longo prazos. Foi assim que, no segmento de Banca de Desenvolvimento, foram financiados diversos projectos com recurso ao balanço do Banco no montante global de MT 1.536,71 milhões, representando um crescimento de 39,86% face ao montante de MT 1.098,76 milhões registados no período homólogo. Ainda neste segmento, o Banco estruturou e geriu linhas de crédito específicas para a agricultura, que permitiram o financiamento de 311 pequenos e médios agricultores no montante global de MT 154,03 milhões, contribuindo para a melhoria da bolsa alimentar no país, geração do emprego, redução do deficitde matéria prima para a indústria e contra a insuficiência das exportações.

No segmento de Banca de Investimento, mobilizamos junto dos nossos parceiros, recursos financeiros para o financiamento de sectores-chave e estratégicos da economia, nomeadamente, para o sector da energia, mobilizamos USD 81,3 milhões junto do nosso parceiro DBSA – Development Bank of Southern Africa, para o sector de hidrocarbonetos, mobilizamos USD 100 milhões junto do nosso parceito TDB – Eastern and Southern African Trade and Development Bank, para o financiamento do projecto de liquefação de gás natural da “Coral Sul”, e ainda neste sector, mobilizamos USD 5,0 milhões junto da SASOL para o financiamento de projectos da cadeia de valor do gás natural veicular, entre outras acções de mobilização de recursos financeiros. Ainda no segmento de banca de investimento, adicionalmente ao que acabamos de referir acima, prestamos um conjunto de serviços de assessoria e consultorias para empresas e instituições públicas e privadas, cujas receitas foram determinantes para o aumento do Produto Bancário por via do aumento da margem complementar.

Para o alcance do desempenho acima descrito, foi determinante o empenho e aplicação dos nossos recursos mais valiosos para nós – os recursos humanos, transformados em capital humano. Por isso, o ano de 2019 foi marcado pela continuidade de investimentos que o Banco tem desencadeado para elevar, não só as competências técnicas-profissionais mas também comportamentais, com medidas tendentes a melhorar os níveis motivacionais e qualidade de vida dos colaboradores, na sua dimensão humana, social e familiar. Esses investimentos com pessoal evidenciam o compromisso do Banco com o desenvolvimento dos seus Colaboradores, dotando-os de competências técnicas e comportamentais adequadas para o desempenho das suas funções e cumprimento pleno dos objectivos do Banco de absorver cada vez mais as oportunidades de negócio que vão surgindo com a melhoria da situação macroeconómica do país e do reconhecimento do BNI como braço do Governo para a materialização do Plano Quinquenal.

O exercício económico de 2020 será seguramente afectado pelos impactos da epidemia COVID-19 em todas as dimensões, social, económica, financeira e outras, o que alterará todos os pressupostos utilizados para a construção do cenário de negócio deste ano. No entanto, nós continuaremos focados na busca de soluções acertadas que minimizem os impactos do COVID-19, de modo que ainda assim, consigamos melhorar os nossos indicadores de desempenho em relação a 2019.

Para terminar, gostaria de endereçar os meus agradecimentos a todos os membros da Comissão Executiva e do Conselho de Administração, pelo apoio e colaboração ao longo de todo ano. Estendo um especial agradecimento a todos colaboradores do BNI, os principais actores que permitiram a concretização de tudo quanto apresentamos neste relatório, pela sua entrega abnegada, sentido de pertença, comprometimento, trabalho em equipa, sinergia, integridade e alinhamento perfeito com a missão, visão e valores do Banco. Os agradecimentos estendem-se ainda ao Governo, pelo apoio prestado através do accionista, o IGEPE – Instituto de Gestão das Participações do Estado, do Ministério de Economia e Finanças e do próprio Presidente da República na qualidade de Chefe do Governo.

Reconheço e agradeço a colaboração e contribuição de todos nossos clientes, que nos deram a oportunidade de mostrar e provar que temos capacidade de prestar-lhes e fornecer-lhes serviços e produtos de qualidade, e foi essa a chave para o alcance dos resultados que hoje apresentamos. Aos nossos parceiros que ajudaram-nos a financiar projectos que, com o nosso balanço, não seria possível, nomeadamente, o DBSA e o TDB, endereçamos nos nossos carinhosos agradecimentos pela confiança de, mesmo com as adversidades que a economia esteve a atravessar, aceitaram colocar o seu dinheiro no País e financiar projectos que nós indicamos. Finalmente, cumprimento e agradeço a todos os stakeholders que directa ou indirectamente contribuíram para o desenvolvimento das actividade do BNI em 2019 e, comprometemo-nos a fazer sempre o nosso melhor para maximizar cada vez mais o valor do Banco e contribuir efectivamente para a melhoria das condições de vida dos moçambicanos.

 

Tomás Rodrigues Matola
Presidente da Comissão Executiva